Em sua última aparição pública antes de encerrar o mandato como presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto realizou uma live que marcou sua despedida e deixou importantes reflexões sobre o cenário econômico global. Na ocasião, o economista destacou que o mundo precisará se adaptar a um novo normal: taxas de juros elevadas como consequência de desafios econômicos complexos.
Um contexto de desafios
Segundo Campos Neto, as economias globais estão enfrentando um ambiente de juros altos, que devem persistir em razão de diversos fatores estruturais. Entre as causas, ele citou a inflação, a desaceleração econômica em várias partes do mundo, e as dificuldades enfrentadas pelas economias emergentes. Essa conjuntura impõe desafios adicionais tanto para os formuladores de política econômica quanto para o setor privado.
“A realidade mudou, e será necessário conviver com esse novo patamar de juros. Não se trata apenas de combater a inflação, mas de lidar com as transformações econômicas globais que vieram para ficar”
Impactos globais e no Brasil
No âmbito global, o presidente do Banco Central pontuou que a persistência de juros altos nos Estados Unidos e na Europa influencia diretamente as políticas monetárias de países emergentes. Esse cenário é agravado por incertezas fiscais, além de pressões sobre o mercado de crédito e o crescimento econômico.
No caso brasileiro, Campos Neto relembrou o papel do Banco Central no controle da inflação, enfatizando que o cenário internacional afeta diretamente as decisões locais. Sob sua gestão, o Brasil enfrentou períodos turbulentos, mas conseguiu manter a inflação sob controle, ainda que às custas de uma Selic elevada, atualmente em 13,75% ao ano.
Durante a live, Campos Neto também fez um balanço de sua gestão, destacando os avanços, mas também reconhecendo os desafios enfrentados ao longo dos anos. Ele mencionou, por exemplo, o papel do PIX como um marco de inovação e inclusão financeira, além do aprimoramento da transparência do Banco Central com a sociedade e o mercado.

Por outro lado, ele reconheceu as críticas sobre a persistência de juros elevados no Brasil, argumentando que se tratava de uma medida necessária para garantir a estabilidade econômica a longo prazo. “Sei que a alta da Selic é motivo de críticas, mas nosso foco sempre foi a estabilidade do sistema financeiro e a proteção da moeda nacional”, destacou.
Legado e expectativas para o futuro
Com o término de seu mandato, o futuro do Banco Central brasileiro será liderado por uma nova gestão que terá de enfrentar os mesmos desafios econômicos e construir estratégias em um ambiente global de incertezas.

A fala de despedida de Campos Neto reflete uma liderança cautelosa, mas ciente da complexidade do cenário. Suas considerações indicam que, apesar de sua saída, os temas econômicos centrais, como inflação, crescimento e estabilidade monetária, continuarão a ser amplamente debatidos no Brasil e no mundo.
Um mundo que aprende a viver com juros altos
O discurso de Campos Neto encerra seu ciclo no Banco Central, mas abre um debate crucial: como os países e suas economias irão se adaptar a um período de juros elevados? No que depender de sua visão, os desafios são inegáveis, mas há caminhos possíveis para enfrentá-los com resiliência e inovação.

Este momento histórico é uma oportunidade para refletir sobre como políticas econômicas eficazes podem minimizar impactos e construir um futuro mais sólido para economias emergentes como a do Brasil.