O dólar atingiu hoje (19-dezembro-2024) a marca de R$ 6,28, uma alta expressiva que reflete as preocupações com o cenário econômico global e as incertezas internas no Brasil. Embora para muitos esse valor seja apenas mais um indicador financeiro, as consequências dessa alta podem ser profundamente sentidas no bolso do cidadão comum, especialmente os mais pobres, que possuem menor capacidade de absorver os impactos do aumento de preços.
O que está por trás da alta do dólar?
A valorização do dólar frente ao real é resultado de uma combinação de fatores. No cenário global, a postura mais rigorosa do Federal Reserve (Fed), que mantém taxas de juros altas nos Estados Unidos, torna os ativos americanos mais atrativos para investidores. Esse movimento reduz o fluxo de dólares para economias emergentes, como o Brasil.

No ambiente doméstico, as incertezas fiscais e políticas também contribuem para a desvalorização do real. A falta de clareza sobre as metas fiscais e os debates em torno de reformas estruturais geram receios no mercado, aumentando o risco país e pressionando o câmbio. Além disso, eventos como o leilão do Banco Central, que não surtiu efeito suficiente para conter a alta, deixam claro que o ambiente é de volatilidade e fragilidade econômica.
Impactos diretos no dia a dia do brasileiro mais pobre
A alta do dólar afeta todos os setores da economia, mas os efeitos são sentidos de forma mais intensa pelas classes de menor renda. Isso acontece porque muitos dos produtos consumidos no Brasil, direta ou indiretamente, dependem de insumos importados ou são precificados em dólar.
1. Alimentos mais caros
Um dos primeiros reflexos da alta do dólar está nos preços dos alimentos. Produtos básicos, como trigo, milho e soja, que são comprados e vendidos em dólar no mercado internacional, ficam mais caros. Como resultado, itens como pão, óleo de soja, massas e carnes tendem a sofrer reajustes, elevando ainda mais os custos da cesta básica. Para famílias que já comprometem uma parte significativa de sua renda com alimentação, esse aumento pode representar cortes em outras áreas essenciais.

2. Transporte e combustíveis
O preço da gasolina, do diesel e do gás de cozinha também sofre impacto direto da valorização do dólar, já que o petróleo e seus derivados são cotados em moeda americana. Com combustíveis mais caros, os custos de transporte público, frete e produção aumentam, gerando um efeito cascata em toda a economia. Para a população de baixa renda, isso significa não apenas dificuldades com deslocamento diário, mas também aumento nos preços de bens de consumo básico que dependem do transporte rodoviário.

3. Eletrônicos e eletrodomésticos
Produtos como celulares, televisores e eletrodomésticos importados ou que utilizam peças importadas ficam significativamente mais caros. Isso limita o acesso das famílias de menor poder aquisitivo a bens de consumo duráveis, tornando o planejamento de compras mais desafiador.

4. Remédios e produtos de saúde
Muitos medicamentos e equipamentos médicos são importados ou dependem de componentes do mercado externo. O dólar elevado pode resultar em reajustes de preços, dificultando ainda mais o acesso à saúde para as famílias mais pobres.
A alta do dólar contribui para pressionar a inflação, que já vinha sendo um problema preocupante para as classes mais vulneráveis. Com a inflação em alta, o poder de compra das pessoas é reduzido, aumentando ainda mais a desigualdade social. Segundo especialistas, o maior desafio está em equilibrar as medidas para conter essa desvalorização do real sem comprometer ainda mais o crescimento econômico.

O que pode ser feito para amenizar os impactos?
Para os mais pobres, a capacidade de absorver os impactos da alta do dólar é limitada. No entanto, algumas ações podem ser tomadas, tanto individualmente quanto em nível governamental:
- Orçamento familiar: É importante que as famílias revisem suas finanças, priorizando despesas essenciais e buscando alternativas mais econômicas, como a compra de produtos sazonais ou de marcas menos conhecidas.
- Políticas públicas: O governo pode reforçar programas de transferência de renda para mitigar os impactos do aumento de preços sobre a população vulnerável.
- Ações no câmbio: Embora as intervenções do Banco Central nem sempre sejam eficazes para conter a valorização do dólar, a adoção de medidas macroeconômicas consistentes e o compromisso com reformas podem ajudar a atrair mais confiança para o mercado brasileiro e reduzir a pressão cambial.
A alta do dólar para R$ 6,28 não é apenas um indicador financeiro abstrato, mas uma realidade que afeta diretamente o dia a dia dos brasileiros, principalmente os mais pobres.
Os custos crescentes com alimentos, combustíveis e serviços essenciais tornam ainda mais urgente a necessidade de planejamento financeiro para as famílias e ações governamentais eficazes para combater a inflação e promover maior estabilidade econômica. Enquanto o cenário fiscal e político continuar instável, o impacto dessa desvalorização do real será sentido de forma mais intensa pelas classes sociais mais vulneráveis. Por isso, é fundamental que políticas públicas e estratégias de longo prazo sejam priorizadas para mitigar os efeitos negativos dessa alta.
