Mercados internacionais têm desempenho misto, enquanto Brasil sente impacto de questões fiscais.
O índice Ibovespa encerrou esta sexta-feira (6) com uma forte queda de 1,50%, aos 125.945,67 pontos, uma perda expressiva de quase 2 mil pontos. Apesar disso, no acumulado da semana, o índice conseguiu um avanço modesto de 0,22%, em contraste com a queda de 2,68% registrada na semana anterior. O dólar comercial, por sua vez, subiu 1,09%, cotado a R$ 6,07, enquanto os juros futuros (DIs) também subiram em toda a curva, refletindo o pessimismo dos investidores.
Preocupações fiscais dominam o cenário
O humor do mercado foi dominado por incertezas em relação ao pacote fiscal proposto pelo governo. A ausência de definições claras sobre cortes de gastos e o risco de desidratação das propostas no Congresso aumentaram a cautela. O DI para janeiro de 2027, por exemplo, acumulou alta de 68 pontos-base na semana, sinalizando a percepção de risco.
Fernando Bresciani, analista do Andbank, destacou: “Enquanto não houver clareza sobre o pacote fiscal, o mercado continuará com movimentos instáveis. Subidas pontuais não têm força para se sustentar, como vimos na quinta-feira com alta de 1,40%.”
Rafael Sueishi, da Manchester Investimentos, também reforçou a preocupação com a falta de apoio político ao pacote fiscal:
“Mesmo com a aprovação de regime de urgência para alguns projetos, não há comprometimento concreto do Parlamento para aprovar o conteúdo das medidas.”
Destaques internacionais e impacto nos mercados
No exterior, os mercados americanos registraram um dia misto após a divulgação do payroll, relatório que mede a criação de empregos nos Estados Unidos. O dado superou as expectativas, indicando resiliência no mercado de trabalho, mas também reforçou as apostas para um novo corte de juros pelo Fed em sua última reunião de 2024.
O S&P 500 e a Nasdaq atingiram novos recordes históricos durante a sessão, impulsionados por empresas de tecnologia, enquanto o Dow Jones fechou em leve queda. Um dos destaques foi a Meta, que viu suas ações subirem devido a questões envolvendo o TikTok.
Pressão sobre Vale, Petrobras e bancos
No Brasil, as quedas mais significativas vieram de pesos-pesados como Vale, Petrobras e bancos:
- Vale (VALE3): recuou 1,71%, acompanhando a queda no preço do minério de ferro.
- Petrobras (PETR4): caiu 1,54%, impactada pela baixa no preço do petróleo e pelo anúncio de cortes de mais de US$ 1 bilhão em projetos de descomissionamento de plataformas.
- Bancos: O setor financeiro também enfrentou perdas generalizadas. Banco do Brasil (BBAS3) caiu 2,94%, Bradesco (BBDC4) recuou 2,30%, Itaú Unibanco (ITUB4) perdeu 2,04%, e Santander (SANB11) fechou com queda de 1,05%.
O setor varejista também sofreu com quedas expressivas, especialmente entre os supermercados: Assaí (ASAI3) caiu 6,53%, Carrefour (CRFB3) recuou 7,04% e GPA (PCAR3) desvalorizou 8,14%.
Por outro lado, algumas ações se destacaram positivamente, como B3 (B3SA3), que subiu 1,53%, e Embraer (EMBR3), com alta de 1,70%.
Agenda econômica: expectativas para a próxima semana
A próxima semana promete ser intensa para os mercados. Na terça-feira (10), será divulgado o IPCA de novembro, enquanto o Comitê de Política Monetária (Copom) decide, na quarta-feira (11), a nova taxa de juros do Brasil, na última reunião presidida por Roberto Campos Neto. Nos Estados Unidos, também na quarta, sai o dado de inflação ao consumidor (CPI), seguido pela inflação ao produtor (PPI) na quinta-feira (12).
Com tantos eventos no radar, os investidores aguardam com cautela os próximos passos da economia, enquanto o clima de incerteza permanece.
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